por Aline Zimmermann, Mariana Vargas, Cindy Rocha (Dutra Contabilidade)
Se você trabalha em oficina mecânica, revende peças ou cuida da parte administrativa e de emissão de notas fiscais, provavelmente já ouviu falar de ICMS-ST — ou melhor, já deve ter sentido o impacto disso na prática. E agora, com a mudança recente no Rio Grande do Sul, é normal se perguntar: “e agora, o que eu faço?”
Calma, respira. Esse conteúdo é pra te explicar de forma simples, humana e sem complicação o que mudou no ICMS-ST, o que isso muda no seu dia a dia e como evitar dor de cabeça com nota errada, multas ou prejuízos que ninguém quer encarar.
O QUE É ICMS-ST, NA VIDA REAL?
Vamos direto ao ponto. O ICMS-ST é o famoso “imposto cobrado antes”. Antes da mudança, a indústria já recolhia o imposto na hora de fabricar ou importar a peça — e a oficina ou loja que vendia ela lá na ponta só repassava esse valor embutido no preço.
Era como pagar o lanche antes de entrar no evento: você nem usou ainda, mas o imposto já foi cobrado. Isso facilitava a fiscalização do governo, mas deixava o custo da peça mais alto logo na entrada do estoque.
O QUE MUDOU NO RIO GRANDE DO SUL?
Desde 1º de novembro de 2024, o estado tirou a obrigatoriedade de ICMS-ST nas autopeças. Isso significa que agora:
- O imposto não vem mais embutido na compra;
- A empresa é que precisa calcular e recolher o ICMS na hora da venda;
- O custo da peça chega mais baixo, mas você precisa estar atento à forma de emitir a nota fiscal.
PRECISO MUDAR MEU PROCESSO DE EMISSÃO DE NOTA?
Sim, especialmente se você revende autopeças. Agora, é preciso mudar o código CFOP (aquele código da nota que informa o tipo de operação).
Antes ele dizia “essa peça já teve imposto pago na fábrica”. Agora, precisa dizer “essa peça não tem mais ST”. Simples assim.
Se você presta serviço (como trocar a peça e cobrar com mão de obra junto), a nota segue praticamente igual. A diferença é que a peça agora vem mais barata, então pode melhorar sua margem de lucro.
COMO ISSO MUDA MEU CAIXA?
Essa é a parte boa: como o imposto não vem mais embutido na compra, o valor que sai do caixa na hora de comprar diminui. Isso pode te ajudar a:
- Comprar mais;
- Girar estoque mais rápido;
- Negociar melhor com fornecedores.
Mas cuidado: agora você é o responsável por calcular e recolher o imposto na venda. Por isso, vale revisar sua precificação com ajuda do contador.
E SE EU ERRAR NA NOTA?
Errar nota fiscal não é só um detalhe. Pode significar:
- Perda de crédito pro seu cliente;
- Multa do fisco;
- Problema com transportadora ou recusas de mercadoria;
- Prejuízo com imposto pago errado.
O ideal é revisar sempre os campos da nota: CFOP, CST, descrição da peça, forma de pagamento, dados do cliente e valores de impostos.
PRECISO MESMO DE UM CONTADOR?
Sim. Mesmo que a oficina seja pequena ou familiar, ter um contador que entenda do assunto é essencial. Ele vai:
- Atualizar seu sistema fiscal;
- Corrigir os códigos usados nas notas;
- Ajudar na formação do preço;
- Evitar multas e erros bobos.
E MEUS CONTRATOS COM CLIENTES?
Revisar os contratos pode ser uma boa ideia. Se você cobra um valor fechado por serviço + peça, talvez esse valor precise ser ajustado agora que o custo mudou.
Atualizar contratos mostra profissionalismo, transparência e ainda fortalece relação com seus clientes.
O QUE ACONTECE SE EU IGNORAR ESSA MUDANÇA?
Pode acontecer:
- Multa fiscal por CFOP ou CST errado;
- Pagar imposto em duplicidade;
- Perder cliente por cobrar valor maior sem necessidade;
- Causar confusão na contabilidade da oficina.
ENTÃO, O QUE EU FAÇO AGORA?
- Converse com seu contador;
- Revise os códigos usados na sua emissão de notas;
- Reavalie seus preços;
- Compartilhe esse conteúdo com quem trabalha na sua oficina ou na parte fiscal.
Na Passini, a gente acredita que conhecimento protege e impulsiona. Por isso, criamos esse guia e um podcast exclusivo com especialistas da Dutra Contabilidade pra te ajudar a entender tudo isso na prática.
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Porque vender peça, a oficina já sabe. Agora, entender o que está por trás da nota é o que garante a tranquilidade do negócio.